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sábado, 7 de julho de 2012

Sétima Edição da Revista do Ponto de Leitura da ONG MOVIMENTAÇÃO


EDITORIAL
Nova caminhada
      A Revista do Ponto de Leitura da ONG MOVIMENTAÇÃO está completando a sétima edição integrando os diversos seguimentos da sociedade na promoção da cidadania. Nesta edição a Revista começa uma nova etapa pautada no Projeto de Comunicação que deu origem a sua primeira publicação no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), no município de Alvorada, em 2009. Contando com o apoio da Empresa SOUL – Sociedade de Ônibus União Ltda.; que desde a primeira edição. A empresa vem garantindo os custos industriais do projeto. Assim foi possível ampliar os horizontes desse Projeto de Comunicação Comunitária. Agora a Revista vai circular com duas edições anuais como memória das ações sociais da ONG MOVIMENTAÇÃO. Para esta edição que resume as ações da Caravana da Restauração Social, no primeiro semestre de 2012, o Núcleo de Comunicação da ONG MOVIMENTAÇÃO pautou como tema central: a Reinvenção do Sonho de Igualdade Social.

Compromisso social da Empresa SOUL em parceria com a ONG MOVIMENTAÇÃO
Texto: Fernanda Cardoso
      As iniciativas da ONG contribuem fortemente para o desenvolvimento da comunidade de Alvorada, com as ações da Caravana da Restauração Social, englobando os projetos Mais Cultura, Mulheres da Paz, Encontros dos Museus Comunitários e as Ações de Troca de Saberes – Rodas de Memória no Caminho da Cidadania. É com grande satisfação que a Sociedade de Ônibus União Ltda. - (SOUL) é parceira da ONG Movimentação na realização da revista Ponto de Leitura que está completando sua sétima edição, com a importante contribuição para a promoção da cidadania dos diversos segmentos da sociedade.
      A SOUL compartilha com a ONG Movimentação o compromisso social em prol de ações que contribuam para o desenvolvimento da comunidade de Alvorada e parabeniza esta instituição pelo seu importante trabalho, desejando que os objetivos sejam alcançados com sucesso.

Pequenos Atuadores... Grandes Pessoas!
      Em novembro de 2011, por conta do incentivo do Programa Mais Cultura do Minc (Ministério da Cultura) e do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), atuadores e atuadoras mirins se fizeram conhecer.
      E hoje, se reconhecem como divulgadores de uma vertente das artes – importantíssima - as artes cênicas. Transformaram-se em Emílias, Pedrinhos, Narizinhos, Sacis e Curumins... em um trabalho coletivo e empreendedor. Entenderam os conceitos propostos no microprojeto que, em dezembro de 2010 fora enviado para o Programa Mais Cultura. Fizeram surgir, através do (seu) protagonismo, o Coletivo Infanto-Juvenil de Artes Cênicas Mimesis ou simplesmente Coletivo Teatral Mimesis. Tiraram-no do papel. E através de uma espécie de mimetismo orgânico e sócio-educativo, somado ao pensamento acolhedor da pedagogia libertária do mestre Paulo Freire1, foi que os(as) oficineiros(as) juntamente com essas crianças e jovens fizeram emanar, como luz resplandecente “a palavra geradora”: COLETIVO. Deram-lhe vida através da criatividade e do sentimento de colaboração mútua.
      Passados os seis meses de desenvolvimento do microprojeto e encaminhada a prestação de contas para o Ministério da Cultura, com unanimidade os integrantes do coletivo teatral decidiram pela continuidade das oficinas de improvisação, roteiro e preparação de esquetes e espetáculos cênicos de rua! Sim, o grupo continuará atuando no Território de Paz Parque Residencial Umbu. Os encontros continuarão aos sábados, das 10h30min às 12h, na Escola Municipal Normélio Pereira Barcellos, sito à Rua Doze de Julho,540, bairro Parque Residencial Umbu, cidade de Alvorada, Rio Grande do Sul.
      Letícia Coelho Gomes - Bacharel e Filosofia pela USP, arte-educadora e oficineira do Microprojeto Coletivo Teatral Mimesis
1 Paulo Freire ((1921-1997) célebre educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido, defendia como objetivo da educação ensinar a "ler o mundo" para poder transformá-lo.

Projeto Mulheres da Paz

Territorialidade com protagonismo comunitário
Texto: Luciana Pazini Papi
      O Projeto Mulheres da Paz é um dos projetos que compõe o PRONASCI (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) com foco no enfrentamento à violência por meio da prevenção. Especificamente trata de capacitar mulheres atuantes na comunidade para que se constituam como mediadoras sociais e possam construir e fortalecer redes de prevenção e enfrentamento às violências que envolvem os jovens expostos à violência doméstica e urbana.
      O pressuposto fundamental do projeto é que o protagonismo feminino é capaz de gerar redes de solidariedade comunitária e práticas afirmativas na luta pela defesa dos direitos humanos, uma vez que mulheres do mundo inteiro têm sido figuras de referência nesta prática, mesmo de maneira informal.
      Neste sentido, a formação institucional de grupos de mulheres com a finalidade de serem defensoras de direitos humanos, tem papel decisivo no processo de prevenção criminal e reintegração dos jovens à sociedade. Para o PRONASCI as mulheres da paz são o veículo por meio do qual se promove a valorização da vida e da cultura de Paz.
      Em Alvorada o projeto teve seu início no ano de 2010. Como primeira iniciativa, além dos encaminhamentos burocráticos, foi formado um grupo com representantes da comunidade e do governo municipal para pensar e construir o projeto, que embora, tenha uma diretriz nacional e um gestor local, abre espaço para se pensar nas peculiaridades locais através dos conhecimentos da comunidade.
      Pode-se afirmar sem reticências, que a constituição deste fórum é uma marca do projeto no município, pois esta iniciativa não existe em outras partes do país.
      Desde o início destes encontros, além de debates que envolveram o conhecimento sobre as demandas comunitárias, foram realizadas inúmeras mobilizações, divulgações e até mesmo seminários e palestras para a comunidade, antes do início institucional.
      No segundo semestre de 2011, iniciou-se a seleção das mulheres por meio da empresa Neo-Labor, ganhadora da licitação por pregão eletrônico. Foram selecionadas 150 mulheres dentro do perfil traçado pelo projeto e ainda um cadastro de reserva de 20 mulheres, que seriam incorporadas ao projeto em caso de desistência.
      Em fevereiro de 2012, iniciou-se a capacitação das mulheres. A empresa SENAC foi quem saiu vencedora da licitação por Técnica e Preço e está realizando o trabalho atualmente com as mulheres (1º semestre de 2012).
      Embora a etapa institucional do projeto tenha iniciado recentemente (início de 2012) a caminhada trilhada até aqui foi longa. A articulação com a comunidade e a rede de serviços vem sendo construída e reconstruída permanentemente. A edificação do projeto foi pensada (pelo fórum gestor e gestão local) para além da etapa institucional. Idealizamos que o mesmo se vincule positivamente à comunidade e de preferência se perpetue por longo tempo, trazendo mais qualidade de vida ao bairro Umbu – Território de Paz - e a comunidade de Alvorada.
      Luciana é coordenadora municipal do projeto Mulheres da Paz desde 2010. Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestranda em Ciência Política – com ênfase em Políticas Públicas pela mesma Universidade.

      Para saber mais sobre o tema ver a (Edição Número 6 da Revista Ponto de Leitura da ONG MOVIMENTAÇÃO – Novembro/Dezembro de 2011) onde é abordado a constituição do fórum gestor do projeto Mulheres da Paz de Alvorada, assim como suas competências e conquistas.

Direitos humanos nos processos de ocupação

do Umbu: uma reflexão social da estética urbana
      A ocupação do Parque Residencial Umbu, começou em 12 de julho de 1987, pelas 1.712 unidades habitacionais da massa falida Guerino, concluída em 1983 (quatro anos antes da ocupação). Cobras, aranhas, escorpiões e lagartos eram os únicos moradores quando ocorreu a ocupação do conjunto habitacional. As casas eram tão frágeis que, quando ocorreu um temporal, 300 se desmontaram por serem germinadas e arrastaram umas às outras. Apesar de precárias as condições do Umbu, as famílias que o ocuparam estavam dispostas a ficar para não pagar mais os altos aluguéis onde moravam.
      O processo de organização dos moradores se dá com a primeira Assembleia das famílias ocupantes, que elegeu uma comissão para negociar com a Caixa Econômica Federal e tratar com a prefeitura de Alvorada sobre o recolhimento do lixo e fornecimento de água. Apesar de o prefeito da época acolher as reivindicações dos moradores, a Guerino, ao contrario disso, entrou na justiça com um processo de reintegração de posse. Finalmente, dia 18 de julho de 1987 o governo do estado, autorizou a CORSAN a ligar a água. Estava então legitimada a ocupação do bairro Umbu.
      A partir da primeira ocupação das quase 2 mil casas “prontas” foi feita a segunda: 2 mil terrenos, sem nenhuma infraestrutura básica. Os terrenos são “emendas” continuação direta, da parte das casinhas, sendo tudo considerado Umbu. Já houveram várias distorções, no decorrer desses anos, entre Umbu I, Umbu II e até em mapas consta Umbu III, com grande área de expansão. Hoje, inclusive, uma parte, anteriormente chamada de Umbu II, foi rebatizada pela construtora de “Nova Alvorada”, embora o povo continue a chamar de Umbu II ou “lá no morro”, “depois das antenas” ou “perto da CORSAN”. Não deixa de ser tudo junto “O Grande Umbu” fazendo menção à região de Porto Alegre, chamada “Grande Santa Rosa”. Essa história esta registrada em vários documentos e depoimentos que a ONG MOVIMENTAÇÃO vem coletando, e reeditando novas manifestações através da cultura oral, presente na comunidade do Umbu.
A Comunidade do Umbu...
      Gente simples, gente trabalhadora. Com esses adjetivos podemos retratar a comunidade do Parque Residencial Umbu, uma população constituída de retirantes do flagelo agrícola de várias cidades do interior do estado, e de flagelados dos sistemas de habitação de Porto Alegre. Quem aportou no Umbu, em 12 de julho de 1987, lutava por moradia, um dos direitos mais elementares do ser humano e enfrentou toda a diversidade de um local que não oferecia nenhuma infraestrutura,
      Outro fator que desafiava a resistência dessa gente eram as mães que saiam para trabalhar e tinham que deixar suas crianças sozinhas em casa. Os vários depoimentos que colhemos dos antigos moradores, primeiros ocupantes do bairro, contam como as famílias se organizavam em constantes revezamentos para trabalharem e cuidar dos seus filhos.
      A história oral – instrumento presente nas rodas de conversação do Programa Ação Griô do Ministério da Cultura-- tem comprovado a importância dessa ferramenta cultural para os movimentos sociais. Frisamos aqui o conceito de cultura na definição da UNESCO: a cultura deve ser vista como um conjunto de elementos espirituais, materiais, intelectuais e emocionais de uma sociedade ou grupos.
      No Brasil, país de raízes mestiças, a diversidade cultural caracteriza a própria identidade – uma unidade construída de diferenças, digerida de costumes que também são globais. Assimiladas pela convivência, essas identidades e a cultura que delas emana confirma a apologia à “devoração” de diferença que o escritor Oswald de Andrade formulou no Manifesto Antropófago (1928), adiantando em oito décadas o que vivenciamos hoje. “Só me interessa o que não é meu. Lei do antropófago” provocava Oswald.
      Assim, com esse olhar, registramos aqui todas as formas de subsistência humana e nesse sentido diagnosticamos o bairro Umbu como um espaço de construção de identidades com a pluralidade dos saberes empíricos dos moradores.

Uma “Janela” para criação do Tele Centro do Museu do Umbu
      Através da Caravana da Restauração Social, que integra o Grupo de Estudo do Ponto de Leitura da ONG MOVIMENTAÇÃO abre-se uma “janela” de inclusão digital para a comunidade do Parque Residencial Umbu em Alvorada/RS, com o recebimento dos equipamentos, em dezembro de 2011. A diretoria da ONG, através da Vice-Presidente, dona Maria Santa de Souza, a diretora de eventos, dona Vera Regina Conceição recepcionaram os técnicos do governo federal na entrega dos equipamentos. O projeto denominado de “Janela Social – Tele Centro Comunitário Museu do Umbu” tem a perspectiva de abrir novos horizontes de inclusão digital para a comunidade do Umbu.
      Tendo como base as ações da Caravana da Restauração Social, que desde ano de 2007, abriu várias janelas de atividades para grupos de ativistas de diversos seguimentos dos movimentos sociais, a criação do Projeto “Janela Social” – Tele Centro Comunitário Museu do Umbu conta com a participação do SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados. O Serpro é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. A empresa investe no desenvolvimento de soluções tecnológicas em Software Livre, como uma política estratégica que permite aperfeiçoar os recursos públicos, incentivar o compartilhamento de conhecimento e estimular a cooperação entre as esferas federal, estadual, municipal, iniciativas do segmento acadêmico e sociedade. A empresa também desenvolve projetos e programas que contemplam questões sociais de acessibilidade e inclusão digital, e apoia as políticas do governo federal nessas áreas.
Programa SERPRO de Inclusão Digital - PSID
      O Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO - Programa SERPRO de Inclusão Digital - PSID promove a inclusão digital e social das comunidades excluídas do universo das Tecnologias da Comunicação e Informação - TIC. Implantado em 2003, o PSID é uma das ações amparadas pela política de Responsabilidade Social e Cidadania da Empresa, em sintonia com o Programa Brasileiro de Inclusão Digital do Governo Federal. A regional/ Pae atua no programa desde 2006 e ao longo deste período já foramimplantadas58 unidades de Tele Centro para as comunidades em Porto Alegre, interior do estado e comunidades indígenas. Desde então o comitê que atua nesta ação é composto pelos seguintes técnicos: Edison Luís de Vargas Herbert - Coordenador do PSID; Gilberto Cesar Barbosa de Oliveira - Gerente da Gestão Logística; Gelsomar Souza Brasil - Coordenador Técnico do PSID; Neusa Maria Rodrigues Ribeiro – Coordenadora de Responsabilidade Social e Cidadania; Erony de Espíndola - Coordenadora do Comitê de Alienação; Rogério Luís Santanna - Supervisor de Atendimento Nível 01; e Ismael Homem de Oliveira - Técnico de atendimento nível 01.
      Assim, contando com o Programa SERPRO de Inclusão Digital - PSID o Grupo de Estudo do Ponto de Leitura da ONG M0VIMENTAÇÃO forma a “Tela Social” que esta desenhando o mosaico de ações que inclui uma rede de comunicação que vão ‘desesconder’ as manifestações sociais das comunidades que compõe o Território de Paz do PRONASCI de Alvorada.


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Núcleo de Comunicação integra a ONG MOVIMENTAÇÃO – Pessoa Jurídica, constituída a partir da experiência de mais de 30 anos do Núcleo de Comunicação MOVIMENTAÇÃO nos Movimentos Sociais e de formação pedagógica, que iniciou sua trajetória com o Curso Prático no Processo da Comunicação, criado na década de 1970, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na cidade do Rio de Janeiro/RJ, e atuando desde 1997, no Estado do Rio Grande do Sul, com as Oficinas de Criação, trabalhando com crianças, jovens e adultos, com atividades lúdicas e de formação teórica e prática em todas as áreas do conhecimento humano.